Talvez, nunca entenderemos verdadeiramente o que se passa na cabeça da outra pessoa, pelo simples fato de que a cabeça não é nossa, os pensamentos não são nossos, a vida não é nossa. Simples assim. “Ah, mas se eu fosse fulano(a), eu agiria e pensaria de outra forma!”. SERÁ? Nós enxergamos a vida com os nossos óculos, baseado em nossas experiências únicas de vida, ninguém viveu exatamente as mesmas coisas que nós. Tudo o que vivemos e sentimos até hoje fez com que tenhamos a visão de mundo que temos hoje, acreditemos nas coisas que acreditamos, tenhamos as crenças que temos. E isso é ÚNICO! 

Se fôssemos a outra pessoa, teríamos vivido e sentido exatamente as coisas que ela viveu e sentiu e, portanto, pensaríamos, sentiríamos e agiríamos exatamente como ela. Se colocar no lugar da outra pessoa é compreender que ela tem os óculos dela para enxergar o mundo e que isso vêm das coisas que somente ela viveu, somente ela sentiu e percebeu. Não cabe a nós julgarmos.

E isso é compaixão…é compreender que as pessoas pensam, sentem e agem movidas pelas suas experiências de vida, por aquilo que elas acreditam, conscientemente ou não. Sentir compaixão não significa concordar, necessariamente, com que a outra pessoa pensa, sente, diz ou faz; não é ser conivente; não é passar a mão na cabeça; não significa abrir mão de nossas convicções e opiniões.

Ter compaixão é aceitar que a outra pessoa enxergue a vida com os óculos dela, é saber que ela tem responsabilidade pelo que faz, mas não culpa (aliás, a diferença entre responsabilidade e culpa é um belo tema para um próximo texto!).

Compaixão é respeitar a história de vida dela que a fez enxergar a vida assim, por mais “absurdo” que nos pareça.

Absurdo para quem, mesmo? Para nós, não para ela. Para ela, faz todo sentido. Assim como nossas opiniões fazem total sentido para nós. Desafiante colocar em prática?  Talvez sim. Mas podemos tentar, um pouco a cada dia. Talvez um primeiro passo seja aliviarmos nossa necessidade de provarmos que estamos certos.

Provar pra quem? Se temos clareza dentro de nós e estamos em paz com o que acreditamos, talvez percebamos que isso nos basta e tudo fica mais leve!